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Prematuridade: orientações e cuidados com o bebê
No início deste ano, a Sociedade Brasileira de Pediatria disponibilizou um manual de orientações para pais e familiares de bebês prematuros que recebem a alta hospitalar. O material contém temas relevantes e questionamentos frequentes, como nutrição do bebê e cuidados com a pele.
Atualmente, com os avanços na terapia intensiva neonatal, a sobrevida de bebês cada vez mais prematuros e, consequentemente, com menor peso ao nascimento tem se tornado uma realidade frequente. Por muitas vezes, os prematuros chegam a ficar internados por vários meses e passam por diversas dificuldades logo no início da vida. Porém, após tantas turbulências o tão sonhado dia da alta hospitalar chega, trazendo consigo muitas dúvidas e inseguranças por parte dos pais. Neste momento, é fundamental que os mesmos sejam orientados e recebam todo apoio necessário para que esta transição ocorra de forma gradual e tranquila.
Existem alguns critérios, que podem variar minimamente, para que um bebê receba a alta hospitalar. De forma geral, o recém-nascido deve:
-Ter entre 1900g a 2000g;
-Aceitar a dieta plenamente pela boca;
-Ter o ganho de peso de aproximadamente 20g por dia pelo menos nos últimos 03 dias;
-Ser capaz de manter a temperatura corporal;
-Não apresentar apnéias (quando o bebê pára de respirar) há pelo menos sete dias.
Juntamente com a alta hospitalar, deve ser entregue aos pais o resumo de alta, no qual deve constar detalhadamente a história clinica do paciente, a caderneta de nascimento e vacinação, uma receita médica com os medicamentos que devem ser dados ao prematuro e caso necessário, prescrição de fórmula láctea adequada (leite em pó).
O acompanhamento do prematuro pós-alta deve ser feito por um médico pediatra especialista, sendo a primeira consulta entre 5-7 dias após a saída do hospital, posteriormente, ocorrerá de forma mensal até 6 meses de vida e, se necessário, até 1 ano de idade corrigida. Entre o primeiro e segundo ano, a consulta deve ser feita a cada 3 meses e após 2 anos, a cada 6 meses, se tornando anual apenas após os 4 anos.
Ainda na unidade neonatal, as mães e os pais devem ser estimulados, sempre que possível, a cuidarem do seu bebê ajudando na troca da fralda ou na hora do banho. Essas práticas ajudam a minimizar a insegurança na hora da alta hospitalar. Deve-se trocar a fralda sempre que necessário, evitando ao máximo o contato prolongado da pele do bebê com as fezes ou urina. Para higiene, deve-se utilizar algodão ou gaze com água morna e sabão neutro, além de um creme de barreira para proteger a pele. Quanto ao banho, este deve ser rápido e a temperatura da água deve ser agradável, utilizando sempre sabonete neutro.
O bebê prematuro tem maior suscetibilidade a problemas respiratórios como resfriados, bronquiolites e pneumonias, sendo fundamental manter a caderneta de vacinação em dia e evitar aglomerações, incluindo contato com pessoas resfriadas. Para tocar no bebê, é necessário lavar as mãos com água morna e sabão, utilizando também álcool em gel com frequência Pais e irmãos devem receber a vacina contra a gripe durante a campanha anual, pois dessa forma, protegerão o bebê que só poderá receber esta vacina com 6 meses de idade. Em alguns casos, os bebês se enquadram em critérios específicos e deverão receber uma vacina chamada palivizumabe, que previne ou diminui a gravidade das infecções causadas pelo vírus sincicial respiratório.
A nutrição do prematuro deve ser preferencialmente realizada com o leite materno, que é adequado às suas necessidades, contendo maior quantidade de proteínas, calorias e gordura, além de substâncias que ajudam nos mecanismos de defesa do recém-nascido. Tais benefícios ajudam no desenvolvimento neurológico e podem evitar reinternações após a alta hospitalar, além de melhorarem o vínculo mãe-bebê.
Os bebês prematuros tendem a perder bastante peso logo após o nascimento e podem levar de 2-3 semanas para alcançar o peso ideal, igualando-se com bebês a termo por volta do 2°-3° ano de vida. Alguns fatores como crescimento intrauterino restrito, potencial genético e doenças crônicas como a broncodisplasia pulmonar, podem alterar o crescimento destes pacientes nos primeiros anos de vida e cabe ao médico especialista estar atento a possíveis fatores modificáveis que levem ao prejuízo no crescimento e desenvolvimento de prematuros. É importante salientar que as medidas de peso, altura e perímetro cefálico devem respeitar a idade corrigida e não a idade cronológica do bebê, por ele ser prematuro.
Além dos cuidados com a pele e a nutrição, também é necessário ficar atentos ao acompanhamento oftalmológico do prematuro. Estes pacientes têm risco de desenvolver retinopatia da prematuridade (ROP), uma doença ocular que ocorre principalmente em recém-nascidos com peso inferior a 1500 g e idade gestacional menor que 32 semanas, relacionada ao uso de oxigênioterapia nos primeiros dias de vida e que pode levar a deficiência visual ou até perda total da visão. Portanto, atualmente, é rotina realizar um exame de fundo de olho entre 4-6 semanas de vida e, posteriormente, acompanhamento oftalmológico de rotina.
Por fim, devemos ressaltar que cada criança prematura se desenvolve de forma diferente e que cabe a uma equipe multidisciplinar orientar e promover ações que ajudem no desenvolvimento e crescimento adequado de cada paciente.
Algumas dicas devem sempre ser lembradas:
1 – Evite colocar o prematuro de barriga para baixo;
2 – Evite fumar em casa ou perto do bebê;
3 – Evite lugares fechados ou com aglomerações;
4 – Evite o contato com pessoas doentes;
5 – Lave sempre as mãos e higienize com álcool gel;
6 – Mantenha a caderneta de vacinação em dia;
7 – Não permita que o bebê durma na cama com os pais;
8 – O leite materno é o melhor alimento para o bebê;
9 – Sempre transporte o bebê na cadeira apropriada para idade;
10 – Seja muito feliz com seu bebê.
Com informações: PEBMED pebmed.com.br/prematuridade-orientacoes-e-cuidados-com-o-bebe.
Carolina Monteiro – Graduação em Medicina pela UNIGRANRIO.
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