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Abril Azul - Mês de Conscientização sobre o Autismo
A Organização das Nações Unidas (ONU) escolheu o dia 02 de abril como Dia Mundial de Conscientização do Autismo para abordar sobre o tema, que é bastante desconhecido pela população. Dessa forma, criou-se também a campanha Abril Azul para que estas ações se estendam durante todo o mês. Confira abaixo matéria especial da PROMED sobre o tema, que traz também uma entrevista com a fundadora do Instituto Ico Project, iniciativa voltada às crianças e adolescentes no espectro autista.
Autismo
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), o autismo - nome técnico oficial: Transtorno do Espectro Autista (TEA) - reúne desordens do desenvolvimento neurológico presentes desde o nascimento ou começo da infância. São elas: Autismo Infantil Precoce, Autismo Infantil, Autismo de Kanner, Autismo de Alto Funcionamento, Autismo Atípico, Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação, Transtorno Desintegrativo da Infância e a Síndrome de Asperger.
Ainda, há dois critérios para o diagnóstico do TEA: déficit na reciprocidade socioemocional (seja na comunicação não verbal ou na interação social) e presença de comportamentos restritivos ou repetitivos. A diferença entre os transtornos é o grau, dentro do espectro autista, já que é possível ter pessoas com TEA com apenas pequenas dificuldades de socialização até indivíduos com afastamento social, deficiência intelectual e dependência de cuidados ao longo da vida.
Possíveis causas
Segundo artigo de autoria do médico Drauzio Varella, especialistas consideram que a contribuição dos fatores genéticos esteja ao redor de 90%, sobrando para o ambiente apenas 10% da responsabilidade. Portanto, autismo é o distúrbio de neurodesenvolvimento em que a herança genética desempenha papel mais importante. A ciência trabalha ainda com causas ambientais, como complicações no parto ou uso de medicamentos pela mãe durante a gravidez.
Tratamento e sinais
Segundo a Revista Autismo, alguns sinais já podem aparecer a partir de um ano e meio de idade ou até mesmo antes, em casos mais graves. Destaca-se a importância em se iniciar o tratamento o quanto antes – mesmo que ainda seja uma suspeita clínica, ainda sem diagnóstico fechado -, pois quanto antes começarem as intervenções, maiores são as possibilidades de melhorar a qualidade de vida da pessoa. O tratamento psicológico com mais evidência de eficácia, segundo a Associação Americana de Psiquiatria, é a terapia de intervenção comportamental – aplicada por psicólogos.
Alguns sinais de autismo que devem chamar a atenção são:
- Não manter contato visual por mais de 2 segundos;
- Não atender quando chamado pelo nome;
- Isolar-se ou não se interessar por outras crianças;
- Alinhar objetos;
- Ser muito preso a rotinas a ponto de entrar em crise;
- Não brincar com brinquedos de forma convencional;
- Fazer movimentos repetitivos sem função aparente;
- Não falar ou não fazer gestos para mostrar algo;
- Repetir frases ou palavras em momentos inadequados, sem a devida função (ecolalia);
- Não compartilhar seus interesses e atenção, apontando para algo ou não olhar quando apontamos algo;
- Girar objetos sem uma função aparente;
- Interesse restrito ou hiperfoco;
- Não imitar;
- Não brincar de faz-de-conta;
- Hipersensibilidade ou hiper-reatividade sensorial.
Alguns sintomas como irritabilidade, agitação, autoagressividade, hiperatividade, impulsividade, desatenção, insônia e outros podem ser tratados com medicamentos, que devem ser prescritos por um médico.
Diagnóstico em meninas
Uma pesquisa divulgada em 2018, com atualização dos números de prevalência do Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC) do governo dos Estados Unidos (EUA) demonstrou que a diferença de gênero no autismo diminuiu. De 4,5 vezes mais meninos, em 2012, para 4 vezes em 2014, o que parece refletir um maior diagnóstico de autismo em meninas.
Conforme divulgado na BBC News, os sinais de autismo em meninas e mulheres não são os mesmos que em meninos e homens e podem passar despercebidos. Uma dificuldade enfrentada pelos pesquisadores é que meninas com autismo parecem se comportar de maneiras consideradas "adequadas" - se não ideais - para elas em comparação com meninos: podem parecer ser passivas, retraídas, dependentes dos outros, não envolvidas nas situações que vivenciam ou mesmo deprimidas. Elas também podem se tornar aficionadas e até mesmo obsessivamente interessadas em temas muito específicos, como ocorre com os meninos autistas, mas elas podem não gravitar em direção às áreas de conhecimento como tecnologia ou matemática.
Apesar de aparentemente o transtorno não afetar profundamente a vida dessas mulheres, elas enfrentam sim dificuldades e problemas por não saber o que há de errado com elas e por que sentem a necessidade de “se encaixar” nas diferentes situações que passam. Por isso a importância em se observar o comportamento tanto de meninas quanto de meninos para o diagnóstico do TEA.
Qual profissional procurar para o diagnóstico?
O diagnóstico do espectro autista é clínico. Isso significa que, para certificar se uma pessoa é autista, é preciso observar o comportamento do paciente e analisar informações coletadas com as pessoas que convivem com ele, com o auxílio de questionários protocolados: atualmente, o instrumento de identificação precoce do TEA, recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria é a escala M-CHAT.
Todo este processo é delicado e, por isso, é necessário ser realizado por profissionais capacitados. Vale ressaltar também que o tipo de profissional pode variar de acordo com a idade do paciente a ser avaliado.
A partir do momento que se constata características do TEA, é hora de consultar um especialista para confirmar o diagnóstico. No caso de crianças e adolescentes, as famílias devem buscar atendimento com um neurologista pediátrico (neuropediatra/neurologista infantil) e um psiquiatra infantil. Já os adultos podem se consultar com um psicólogo, que vai identificar os sintomas e fazer uma avaliação inicial com base em observação, entrevistas e análise de histórico. O diagnóstico final, no entanto, precisa ser validado por um psiquiatra ou um neurologista.
Confira aqui algumas clínicas que oferecem terapias especiais por meio da rede credenciada UNIMED.
Instituto Ico Project
A seguir, leia a entrevista realizada com Elyse Matos, fundadora do Instituto Ico Project, criado em conjunto com o marido, Emiliano Matos. O Ico Project tem como objetivo ressignificar o diagnóstico de autismo que o filho de Elyse e Emiliano, Enrico, recebeu.
PROMED - Qual é a missão do Instituto?
Elyse Matos - Percebemos que para muitos o acesso ao diagnóstico precoce e às corretas intervenções são realidade de poucas famílias. Nosso propósito é eliminar os estigmas da sociedade em relação ao autismo através de treinamentos e capacitações.
PROMED - Qual é a importância da existência de um mês (Abril Azul) voltado à conscientização do autismo?
Elyse Matos - Significa trazer a temática ao grande público. Mostrar os desafios, conquistas, necessidades dessa parcela da população. É uma oportunidade de chamar o poder público a sua responsabilidade de atendê-los buscando melhora na qualidade de vida do indivíduo com autismo e suas famílias.
PROMED - Como surgiu a ideia do lançamento do Livro "Autismo: compreensão e práticas baseadas em evidências"?
Elyse Matos - Defendemos que a saúde pública contemple a intervenção no autismo usando práticas cujos resultados demonstram efetiva melhora na qualidade de vida. Assim, enquanto movimento social, buscamos divulgar material de qualidade técnica para pessoas não ligadas diretamente ao autismo, mas que de alguma forma sejam responsáveis pela efetivação de direitos.
O livro, lançado em parceria com o movimento Capricha na Inclusão, pode ser adquirido no formato e-book gratuitamente. Clique aqui e faça o download.
Conheça o Instituto Ico Project e as ações realizadas: http://icoproject.com.br/.
Com informações: BBC News, Instituto Autismo e Realidade, Instituto Ico Project, Instituto Neurosaber de Ensino, PROGENE - Programa Genoma e Neurodesenvolvimento, Portal PEBMED; Revista Autismo, Ministério da Saúde, Drauzio Varella e MedicalWay.
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